sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Não podemos abrir mão do direito de fiscalizar e de cobrar o cumprimento das metas do prefeito Haddad

É surpreendente que, por mais que a produtividade do parlamento paulistano seja a mais baixa que se tem notícia nos últimos tempos e o prefeito Fernando Haddad tenha cumprido apenas 13% das metas da gestão, já na metade do seu mandato, entidades fiscalizadoras como a Nossa São Paulo e o Voto Consciente pareçam tão condescendentes com as administrações do PT.

Causa estranheza essa aparente mudança de empenho (ou de critérios?) para quem sempre atuou com tanta firmeza na cobrança às gestões anteriores da cidade, seja na Prefeitura sob o comando de Gilberto Kassab (PSD) e de José Serra (PSDB), seja no Legislativo dirigido pelos vereadores José Police Neto (PSD) e Antonio Carlos Rodrigues (PR), para citar apenas os mais recentes antes deste último biênio com os petistas Haddad e vereador José Américo à frente da Prefeitura e da Câmara Municipal de São Paulo.

À essa altura - passados dois anos de mandato - o prefeito Kassab estava sendo cobrado duramente pelo cumprimento ínfimo do plano de metas, enquanto hoje as mesmas entidades parecem relevar a inoperância de Haddad, além de tentar desviar o foco dos problemas centrais e querer encontrar aspectos positivos onde a maioria dos paulistanos só enxerga atraso, despreparo e improviso.

Quer exemplos? Veja o tratamento que a Nossa São Paulo dá para assuntos como os corredores de ônibus, diante de um quadro em que o contrato do transporte é prorrogado indefinidamente e bilhões de reais escoam dos cofres públicos sem controle e sempre sob a suspeita de irregularidades.

Ou para a saúde pública, enaltecendo promessas vazias da Prefeitura que destoam da realidade marcada pelo atendimento insatisfatório que é proporcionado pela atual gestão (segundo pesquisa divulgada pela própria entidade, cujos coordenadores se reúnem regularmente com Haddad e também integram o Conselho da Cidade).

Qualquer release da assessoria de imprensa da Prefeitura vira notícia neste plano estratégico de recuperação da popularidade de Haddad, alimentado pela imprensa cooPTada e por entidades "amigas". Temas como as obras contra enchentes, não realizadas, e a gambiarra das ciclovias merecem menos críticas do que o espaço que é oferecido para elogiar e referendar promessas futuras que nem sequer saíram do papel.

É o caso das boas intenções anunciadas pela Prefeitura para o Programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, quando na realidade o que acontece é o oposto do mais sincero "interesse popular", ao favorecer movimentos organizados ao invés da maioria dos cidadãos e o mercado imobiliário em detrimento das moradias para as famílias de baixa renda.

Promessas grandiosas da campanha de Haddad foram abandonadas pela falta de recursos ou mesmo pela inviabilidade operacional, como o "Arco do Futuro", puro truque midiático, mais uma propaganda enganosa caça-votos.

A Prefeitura até ensaia realizar parte das obras do projeto, como a construção de viadutos sobre a Marginal Pinheiros, ao custo impraticável de R$ 1 bilhão, mas omite que ela trará benefícios principalmente para empreendimentos imobiliários de grandes empreiteiras como a Odebrecht, não para a população de modo geral.

Tratamos especialmente da questão orçamentária em outra postagem do Blog do PPS, mostrando, por exemplo, a redução das verbas destinadas às Subprefeituras, o que (se não sofrer modificação no projeto substitutivo a ser votado) inviabiliza qualquer plano de descentralização administrativa e enfraquece a necessária tese do poder local, além dos novos parques prometidos e abandonados, piorando a situação de áreas que já estavam degradadas.

Aproveitamos ainda para anunciar que o Diretório do PPS/SP promoverá no dia 4 de dezembro, quinta-feira, às 19h, no 1º subsolo da Câmara Municipal, uma reunião aberta para discutir o Orçamento de 2015 para a Cidade de São Paulo, priorizando o debate sobre a qualidade de vida do paulistano e as áreas sociais. Deixe agendado e participe!

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