Opinião de Guilherme Cortez, 15 anos, blogueiro político
desde os 13, criador do iSustentare:
A concepção do Partido Popular Socialista
se deu em um processo de ruptura. A dissolução da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, em 1991, acabou por deflagrar o declínio do modelo
comunista. Liderada por Roberto Freire, então presidente nacional da sigla,
uma ala do Partido Comunista Brasileiro, conhecido como Partidão,
alega que o comunismo se tornara uma ideologia ultrapassada e decide se
desligar da agremiação. Os dissidentes do PCB decidiram fundar o PPS, um
partido alinhado à doutrina social-democrata.
Em 2011, passados vinte anos do fim da União Soviética, tive
a oportunidade de testemunhar a forma como o Roberto, agora presidente nacional
do PPS, se mantinha um homem de rupturas. Entre novembro e dezembro daquele
ano, entrei em contato com dezenas de personalidades da nossa política e da
sociedade em geral. Estava divulgando meu recém-criado blog, o Brasil, país da fantasia, e buscava depoimentos daqueles que viviam a política
brasileira. Enquanto a imensa maioria das personalidades que contatei não devem
ter sequer lido minhas mensagens, o deputado fez questão de me responder
prontamente.
Quando o povo brasileiro nem sonhava com as manifestações
que sacudiram o país no mês de junho, o deputado Roberto Freire mostrava que
sabia ouvir o grito dos jovens e estava aberto ao diálogo com as vozes da
juventude. E essa postura do presidente nacional do PPS foi justamente a que
mais me impressionou em todos esses anos de contato com a política.
Hoje, os jovens brasileiros fazem história exigindo mais
respeito dos nossos políticos. Nunca esteve tão claro que chegara a hora da nova
política ser colocada em prática. O PPS idealizou uma plataforma, a #REDE23,
cujo objetivo era estudar e trazer ao partido a voz dessa nova forma de se
fazer política.
Faltando pouco mais de um ano para as eleições de 2014, as
agremiações partidárias já estão a todo vapor tecendo suas alianças – muitas
delas, espúrias.
Enquanto o Partido dos Trabalhadores procura
alternativas para reeleger a presidente Dilma Rousseff, o Partido da Social
Democracia Brasileira parece decidido a apostar tudo que tem na
candidatura do senador Aécio Neves e o Partido Socialista Brasileiro
tenta viabilizar a candidatura do seu presidente nacional, o governador Eduardo
Campos, um quarto nome desponta como alternativa da nova política: Marina
Silva, que está criando a Rede Sustentabilidade, um novo partido político cuja
plataforma defende a “democratização da democracia”, o que remeteria à um
regime político que desse mais representatividade ao povo e menos poder aos
políticos eleitos em campanhas milionárias.
Um quinto candidato seria o ex-governador José Serra, que
cogita trocar de partido para viabilizar sua candidatura. Na política desde
1962, o nome de Serra não se encaixa, nem de longe, no perfil do brasileiro que
foi às ruas exigir mudança. Além disso, o ex-governador figura em um escândalo
de corrupção revelado recentemente pela revista Isto É. Sua candidatura
seria mais um indicativo de que os políticos brasileiros não sabem ouvir a voz
que emergiu das recentes manifestações.
O partido que rompeu com o comunismo quando o mesmo parecia
se mostrar inviável deveria ser o primeiro a deixar a velha política de lado.
Dentre os cinco nomes que preparam o terreno para a eleição de 2014, o de José
Serra é o que mais representa essa política ultrapassada; o de Marina Silva é,
sem dúvida, o que mais remete ao novo, à mudança pela qual o povo tanta clama.
Serra tem procurado alguns partidos que poderiam servir de
trampolim para sua candidatura. O PPS é um deles.