quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dilma e Haddad dizem ouvir "voz das ruas", mas com tecla SAP de Lula e do marqueteiro João Santana

Neste momento histórico que vive o Brasil, a presidente Dilma Roussef e o prefeito paulistano Fernando Haddad dizem que estão ouvindo a "voz das ruas". Podem até ouvir, mas não compreendem. Precisaram ontem da tradução simultânea de João Santana e Lula, um marqueteiro e um milagreiro. Ou vice-versa. Tanto faz. Dá na mesma e causa a chamada "vergonha alheia".

É inadmissível, uma afronta à importância dos cargos que ocupam, que Haddad e Dilma abandonem seus postos, sem nenhuma cerimônia, para se aconselharem em reunião clandestina com o ex-presidente e com o marqueteiro-milagreiro responsável pela eleição dos dois "postes" de Lula. Dois inaptos.

Com a Prefeitura de São Paulo cercada por manifestantes, Haddad deixou o local num helicóptero da PM para local incerto. Sumiu pelos ares. Fugiu. Dias antes, em meio às primeiras manifestações, estava em Paris apresentando a candidatura de São Paulo para a Expo 2020, mas é incapaz de resolver os problemas urgentes da cidade em 2013.

Petistas reclamaram também que havia manifestantes na frente do prédio residencial de Haddad. Ora, mas o modus operandi do PT, enquanto oposição, sempre foi protestar na frente da casa dos prefeitos. Fez isso com Maluf, Pitta, Serra, Kassab. Verdade seja dita, petistas ilustres ainda hoje frequentam a casa de Maluf e Kassab, mas agora como convidados de honra, é claro.

Aí vem a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, surfista de ocasião, pegar onda na crise e listar os municípios que, segundo o governo, podem reduzir a tarifa graças à "dosoneração" presenteada pela presidente Dilma. Afirmou textualmente que a cidade de São Paulo poderia reduzir o preço em R$ 0,23 - o que, por si só, resolveria toda a polêmica do aumento de 20 centavos.

Dito isso, restariam apenas três saídas legítimas: 1) baixar a tarifa em São Paulo, se a informação da ministra é oficial do governo; 2) demitir a ministra, se é incorreta; ou 3) Haddad sofrer impeachment, se a informação é correta e ele mentiu. Mas alguém realmente acredita num gesto responsável por parte dos (des)governos do PT?

Indagada pela Agência Estado se o prefeito Haddad  poderia diminuir o preço das passagens, a ministra respondeu: "Eu não sei, cabe a ele responder. Nós fizemos a desoneração da folha e do PIS/Cofins. Agora cabe a cada município fazer seus cálculos e saber o quanto pode reduzir e o quanto pode se aproveitar desta desoneração que o governo federal está fazendo".

Como era de se esperar, Gleisi logo voltou atrás, tentou justificar a trapalhada e livrar a cara de Haddad. Ao comentar o cenário de São Paulo, a ministra disse que o governo federal já abriu mão dos 23 centavos em impostos federais na tarifa paulistana antes do aumento para R$ 3,20.

"O que quisemos aqui foi mostrar que o esforço do governo federal em redução de impostos abriu espaço para ajudar as prefeituras na administração do preço das suas passagens, ou para reduzir, ou para aumentar menos", comentou Gleisi. Puro oportunismo e damagogia.

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