terça-feira, 11 de setembro de 2012

Por que transformar a eleição em "guerra santa"?

A quem interessa fazer desta eleição municipal uma espécie de "guerra santa", trocando a disputa das melhores propostas para a cidade por um concurso de quem reúne mais igrejas e líderes religiosos em torno de seu candidato?

Repete-se, um tom acima, o que já ocorreu na disputa de 2010, onde tabus, dogmas e preconceitos se sobrepunham ao programa de governo dos presidenciáveis. As redes sociais viram palco de insultos e batalha dos mais "puros", enquanto as diversas denominações religiosas se lançam em cruzadas para aliciar eleitores-fiéis.

Entre os evangélicos, por exemplo, abre-se uma disputa dos seguidores da Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, contra o dissidente e agora inimigo declarado, o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Além de Renascer em Cristo, Assembléia de Deus e seus diversos ministérios, Internacional da Graça de Deus etc. etc. etc.

A Igreja Católica não fica atrás das várias ramificações evangélicas e apresenta seu exército de padres-estrelas (Marcelo Rossi, Fabio de Melo, Julio Lancellotti, padre Ticão, bispo Dom Fernando) para combater os pastores midiáticos (Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Estevam e Sonia Hernandes, Silas Malafaia, R.R. Soares), entre outros, todos envolvidos direta ou indiretamente no apoio a partidos e candidatos.

Seja no horário eleitoral gratuito ou nos programas religiosos na TV, assiste-se a uma verdadeira romaria. Há fé e esperança de que a aparição junto a uma dessas lideranças carismáticas credencie o candidato a um estágio terreno para deter o poder dos homens enquanto não ganha passe-livre para o paraíso celestial e o reino de Deus. É um vale-tudo pelo voto. Um deus-nos-acuda. Quem perde com isso é o Estado laico.